A advocacia deve ser exercida com dignidade, em estrita observância a ética, os deveres e direitos individuais e em defesa da Constituição e da Ordem Jurídica. Outrossim, o seu exercício é inviolável tanto pela função social que possui, como por sua reconhecida independência funcional.
A justiça não atua quando desassistida por advogado. Em vista disso, tem-se que historicamente a atuação do advogado, não raro, fora cerceada pelas tiranias. Todavia, no caso do Brasil, foi com a Carta Republicana de 1988, que se iniciou um novo tempo, reconhecendo que não existe democracia com uma justiça efetiva, sem uma advocacia forte e atuante, e sobretudo respeitada. Nesse sentido, valiosas são as palavras de Martinez Val:“A advocacia é uma profissão tremendamente pública, ante, cuja radical publicidade desnuda-se minuto a minuto a intimidade da alma, mas que em qualquer outra.”
É lamentável ainda ver o poder público através de muitos de seus órgãos e autoridades cometer abusos e coerções contra advogados, o que representa grave ofensa a dignidade e garantia da inviolabilidade da advocacia. Pontes de Miranda já dizia: “ O juiz representa o Estado, o promotor defende a lei e o advogado o povo.” Assim sendo, toda forma de arbitrariedade ou abuso praticado em nome do Estado contra as prerrogativas profissionais do advogado, fere a democracia, e constitui-se, fundamentalmente, numa grande ofensa à própria sociedade. Sem uma atuação independente, corajosa e proba dos advogados, não existe liberdade, não existe Direito, não existe Justiça.
Ainda bem que alguns avanços ocorreram no que tange à fiscalização e controle das instituições que detêm o poder e costumam fazer mau uso dele. Órgãos como o Conselho Nacional de Justiça – CNJ e o Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP, realizam prestimoso trabalho ao fazer o controle administrativo e disciplinar do Poder Judiciário e do Ministério Público, inclusive, contando para tanto, com a participação de advogados conhecedores da realidade da advocacia no Brasil, bem como da necessidade de valorização e defesa constantes da estabilidade democrática.
Como profissão essencial à sociedade, pois presente em praticamente todas as situações da nossa vida, a advocacia nunca vai deixar de ser uma profissão de futuro. Entretanto, pela importância e responsabilidade que ela impõe, irá sempre exigir abnegação e comprometimento por parte daqueles que a abraçam. A advocacia não é uma profissão para mágicos ou milagreiros.
Por fim, é preciso destacar os importantes avanços institucionais da advocacia graças à honrosa e incansável luta de grandes advogados em defesa do reconhecimento e garantia das prerrogativas dessa gloriosa profissão. Que o espírito de luta pela valorização da advocacia seja sempre fortalecido e renovado pelos novos advogados e pela nossa Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. O estado de direito, a democracia e a cidadania certamente serão os principais ganhadores nessa luta.
Postado por Antonio de Pádua.